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Em março a CNA-PRR visitou a Unbabel, empresa líder da agenda mobilizadora Center for Responsible AI.

A partir do desafio de Paulo Dimas, para apresentar demonstradores ao invés de apresentações, pudemos ver como a Priberam está a trabalhar num projeto-piloto com o Hospital de S. João, que permite propor o preenchimento de uma nota de alta ou um relatório médico.

Sendo esse um trabalho impreciso e demorado, com origem em várias fontes de dados, esta ajuda permitirá diminuir o tempo de resposta, bem como a qualidade, a partir de sugestões de preenchimento, para além de garantir que todos os processos são preenchidos para cada paciente, alimentando desta forma o registo de saúde eletrónico (RSE).

A intervenção do profissional de saúde na validação, sendo inegociável, permite identificar como é possível colocar a IA ao serviço do médico. É preciso, por isso, que estas inovações ganhem asas dentro do SNS e que a SPMS, que está a fazer investimento na melhoria da disponibilização ao utente do RSE, procure envolver-se nestes processos, que têm potencial muito alto de replicabilidade, tanto para o SNS, como para o setor privado.

Há também um potencial muito significativo para fins de investigação, uma área onde os dados médicos são muito procurados, sendo que o Hospital de S. João já tem autorização da CNPD para anonimizar e disponibilizar este tipo de dados. Também com o Hospital de S. João, está a decorrer outro projeto-piloto, desta vez com a SwordHealth, na área da reabilitação com recurso a fisioterapia.

A partir da solução que esta empresa já tinha desenvolvido, estão a permitir que, 3 dias após a consulta, os doentes iniciem a recuperação, em sua casa, guiados por inteligência artificial. Com um tablet com câmara e uma interface simples e intuitivo, com acompanhamento permanente de um fisioterapeuta.

Este projeto é apoiado pela direção executiva do SNS e tem também potencial de replicabilidade para todo o sistema de saúde, diminuindo substancialmente a desistência dos doentes e aumentando a taxa de recuperação. O apoio do PRR irá permitir alavancar a tecnologia e evoluir para outros patamares, tal como a passagem para indicações por voz, em alternativa a comandos escritos. O potencial desta tecnologia na prevenção em meio laboral, está também a ser testado pela MC Sonae e pelo Grupo Pestana. 

A Youverse está a trabalhar em sistemas que permitirão tornar mais segura e rápida a autenticação facial para efeitos de identificação, sem que os dados biométricos fiquem no registo das entidades. 

Tendo como exemplo a abertura de uma conta bancária, o problema está em que atualmente a biometria ou face ID fica gravado no dispositivo. Por isso o banco não pode ter a certeza que é a pessoa certa a aceder, uma vez que alguém pode instalar a aplicação noutro dispositivo. O projeto-piloto está a ser testado no grupo Pestana, no check in online, onde a confiança no tema da identidade é também muito importante.

Na Unbabel estão a desenvolver também um serviço multilingue, de apoio ao cliente, que permitirá que os agentes e os clientes, em qualquer parte do mundo e em qualquer língua nativa ou cultura, possam comunicar. A importância da comunicação foi enfatizada com o facto de que um email mal explicado ou uma resposta por whatsapp incorreta, pode ser a diferença entre uma review negativa e positiva. Esta tecnologia abre ainda outras possibilidades de utilização em conversas de chat ou  chatbots ou de atendimento omni canal para serviços públicos ou privados. 

Outro dos produtos que está a ser desenvolvido na Unbabel é uma nova abordagem de equipamentos de comunicação, para que pessoas com Atrofia Lateral Amiotrófica possam voltar a estar próximos da sua família e da sociedade em geral. Segundo a informação prestada, a utilização do que existe atualmente causa muito cansaço nos doentes.

Tal como foi objeto de reportagem recente no semanário Expresso, através de inteligência artificial já é possível criar uma persona, que antecipa desta forma respostas, gostos e características, falando inclusive com a voz do próprio paciente. Esta é uma área que tem ainda muito trabalho de investigação pela frente e na qual estão também envolvidos os parceiros. 

Mas como em todas as visitas que a CNA-PRR realizou até esta data, foram identificados alguns obstáculos e desafios. Para além das questões recorrentes de dificuldades com a interligação com a plataforma do IAPMEI ou com o tempo de resposta às dúvidas colocadas, começam a emergir outras questões mais profundas, relacionadas com o pós-PRR.  

Nesta área, começa a ser evidente a necessidade de disponibilização de capacidade de supercomputação dedicada à temática da inteligência artificial. É essencial que a FCT no âmbito da criação do Centro Nacional de Computação Avançada, da Componente 5 do PRR – Ciência + Digital – considere esta necessidade e a possa enquadrar no seu plano de investimento, em articulação com outros financiamentos, na sequência da Estratégia Nacional para a Inteligência Artificial. Este é um ativo estratégico e diferenciador, que urge acelerar. 

Se até aqui, os intervenientes nas agendas estiveram muito focados a colocar em marcha todos os processos, modelos de governação, interações, investigação inicial ou preparação dos pedidos de pagamento, a partir de agora os resultados começam a aparecer e sendo promissores, a exigência começa a colocar-se nas respostas para o futuro (que está a menos de 2 anos de distância) e de como vai o país conseguir responder.   

Na reunião com a Unbabel e os seus parceiros de consórcio, foi aventada a possibilidade de ser criado um centro para a inteligência artificial responsável, situação que alinharia com a continuidade do investimento que está agora a ser feito e com o IA ACT da Comissão Europeia AI Act | Shaping Europe’s digital future (europa.eu)

Abril 9, 2024