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Dando continuidade aos seus Roteiros de Proximidade, no dia 24 de fevereiro, a CNA visitou o território da Comunidade Intermunicipal do Ave e teve oportunidade de reunir com empresas e entidades que estão a realizar investimentos significativos, que ultrapassam os 384 milhões de euros ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sendo a maior parte destes investimentos, quase 180 milhões de euros, destinada à Capitalização e Inovação Empresarial.

A Riopele, uma empresa com mais de 1.200 trabalhadores e um volume de negócios de quase 100 milhões de euros, teve aprovado um financiamento PRR de 19,5 milhões de euros. Está envolvida em quatro projetos em consórcio, o Projeto Lusitano, onde se destaca o investimento numa caldeira de biomassa, já em funcionamento, e que utiliza matérias-primas sustentáveis recolhidas num raio máximo de 100 km da fábrica.

Além disso, a empresa está a implementar um sistema integrado de gestão de dados para melhorar a eficiência energética e espera reintroduzir 60% da água que consomem (para além da recuperação de água da chuva através dos telhados para a cisterna). O projeto Giatex é um dos que pretende contribuir para a eficiência na utilização da água, permitindo ainda estudos e comparações entre empresas. São também parceiros no projeto TEXPACT, ao abrigo do qual têm parte da fábrica em gémeos digitais, o que permite verificar a mesma em modo virtual, em qualquer parte do mundo, contribuindo ainda para alimentar o sistema de controlo interno, implementado em 2019.

Em conversa com José Teixeira, CEO da empresa, a partilha incidiu ainda na importância de continuar a trabalhar para colocar a empresa têxtil portuguesa na senda das mais sustentáveis do mundo, situação que obriga a um benchmarking com outros setores industriais, cujo caminho já está mais avançado.  

Com participação em 18 projetos e um financiamento PRR de 38,5 M€, a visita ao CITEVE foi bastante intensa, e contou com diversas apresentações e mostras sobre o que está em curso tendo em vista a inovação no setor têxtil.

Apesar do CITEVE não ser responsável pela industrialização, é aqui que se iniciam muitos dos novos produtos ou serviços, com a mimetização da experimentação em instalações industriais à escala de piloto, permitindo estar sempre alguns passos à frente da indústria e possibilitando um grau maior de confiança no que concerne à industrialização dos processos ou produtos. Fazer referência ao responsável (Braz Costa) 

A CNA visitou também o CeNTI, que partilha edifício com o CITEVE, e que participa em 18 projetos, na sua maioria coincidentes, e um financiamento PRR de 43,4 M€. A par do financiamento via Missão Interface, a grande maioria dos valores financiados pelo PRR, para ambas as entidades, destina-se a I&D, e à aquisição de equipamentos para apoio à I&D e experimentação à escala de pilotos industriais. Inclui também a contratação de recursos humanos altamente especializados, que em ambas as entidades, já ultrapassou as 200 pessoas.

Sendo muitos os desenvolvimentos em curso, deixam-se de forma sucinta alguns exemplos: 

  • No projeto Be@t, experimenta-se a possibilidade de reciclagem de peças de vestuário estampadas, bem como novos materiais têxteis a partir de cânhamo, cardo, folha de banana, caules de girassol ou poda de videira (na Covilhã está a nascer um campo de demonstração de cultivo para o cardo); 
  • No projeto Giatex, demonstram-se processos de tingimento mais sustentáveis, com recurso a produtos naturais; 
  • No projeto Pacto da Bioeconomia Azul, trabalha-se para gerar novos fios para produção ou tingimento, a partir de produtos marinhos, como algas; 

Ou ainda noutras direções: 

  • Trabalhos para chegar a novos compósitos para utilizar na indústria automóvel e para ter soluções para a reciclagem do fim de produto;  
  • Robotização do setor da confeção (com um foco na configuração homem-máquina), para conseguir pegar em peças elásticas e com diferentes fibras ou para costuras de menos complexidade; 
  • O aperfeiçoamento do passaporte digital, que obriga a simplificar toda a cadeia de valor do têxtil; 
  • A preparação de produtos e valorização de compósitos, 100% biológicos, para integração na indústria têxtil.  

Encontraram-se aqui complementaridades com vários trabalhos que a CNA-PRR já tinha encontrado noutras empresas do setor têxtil, onde estão a ser feitas outras partes dos testes e desenvolvimentos destes vários projetos. 

Estes são investimentos de montante bastante relevante em I&D, cujos resultados e transferência para o tecido industrial se antecipa como muito promissor.

Em virtude da quantidade de projetos em desenvolvimento, estas serão áreas que a CNA-PRR pretende continuar a acompanhar, chamando mais uma vez a atenção para a necessidade da criação de uma agenda de avaliação de impactos, tal como recomendado no relatório CNA-PRR. 

Na partilha de constrangimentos, a necessidade de respostas mais céleres por parte dos beneficiários intermediários, Fundo Ambiental e IAPMEI, quer nos pedidos de alteração quer no processamento dos pedidos de pagamento.

Foi ainda levanta a questão da informação relativa ao registo do Beneficiário Efetivo que a CNA-PRR discutiu com a Estrutura de Missão Recuperar Portugal e que se encaminha para a simplificação, bastando, no caso das entidades nacionais a disponibilização do NIF ou NIPC. Estas questões administrativas têm consumido bastante tempo aos beneficiários finais e é crucial o seu esclarecimento cabal e atempado, com fluidez de informação que elimine as dúvidas existentes.  

A CNA-PRR reuniu também com os respetivos Presidentes das Câmaras Municipais de Vila Nova de Famalicão, Mário Passos, e de Guimarães, Domingos Bragança, para ficar a conhecer as áreas em que os municípios estão a intervir.

Em Vila Nova de Famalicão, a maior parte do investimento está em fase final de preparação de projetos e candidaturas, nomeadamente relativas a habitação. Com cerca de 400 casas sob alçada da autarquia, espera-se que esse valor aumente até ao final do PRR.

Na área da saúde têm vários projetos, alguns em fase de projeto ou concurso, outros já concluídos, como são os casos dos novos edifícios para as USF de S. Miguel-o-Anjo ou de Joane, que em conjunto servirão mais de 26.000 utentes.

A nova residência estudantil é também um dos grandes investimentos, cuja obra se prevê iniciar brevemente e que permitirá disponibilizar 91 camas destinadas à população estudantil, bem como investigadores ligados ao CITEVE e CeNTI. 

Em Guimarães, o maior investimento aprovado é o acesso ao Avepark, cerca de 12,6 milhões de euros de financiamento PRR, que permitirá uma ligação mais fluída à zona industrial e de serviços, onde estão localizadas instalações da Universidade do Minho e do Instituto Politécnico do Cávado e Ave.  Este projeto foi objeto de uma providência cautelar e aguarda decisão do Tribunal.

Neste parque, já se encontra em construção a futura residência estudantil, com 180 camas, destinadas a estudantes e investigadores. Promovido pela autarquia, o projeto de arquitetura desta residência privilegiou a construção modular, em madeira, e já se encontra em construção, em fábrica.

Na área da habitação, aguardam também resultados de oferta pública de aquisição, à qual tiveram resposta por parte de privados, mas cujo processo de aprovação ainda decorre no IHRU. 

Ambas as autarquias mencionaram como principais desafios, no caso da habitação, a necessidade de articulação e respostas rápidas por parte do IHRU, o que é cada vez mais impactante, face ao tempo, que encurta a cada dia que passa, tendo em atenção o prazo final do PRR. 

A visita terminou com a reunião com os autarcas da CIM Ave. Para além das preocupações partilhadas relativamente à área da habitação, com a articulação com o IHRU (idênticas na generalidade) a liderar, as candidaturas ao financiamento de obras de reabilitação nas escolas também são uma fonte de preocupação.

A demora na preparação de projetos em autarquias com gabinetes de projetos mais pequenos, bem como na articulação com as entidades responsáveis, faz com que persistam dúvidas sobre a quem direcionar as dúvidas que vão surgindo.

De entre as novas tipologias de investimentos, verifica-se (nesta e noutras reuniões com CIM) a importância dada aos investimentos no âmbito do Radar Social e o seu potencial de aumentar a capacidade de uma atuação informada na área social. Também aqui, os novos avisos relativos ao financiamento para Territórios Inteligentes, são aguardados com grande expetativa. 

Março 6, 2024