Este é um dos projetos com financiamento PRR que o CEIIA tem em desenvolvimento.
Em março de 2024 a CNA-PRR visitou o CEIIA, em Matosinhos, para acompanhar os investimentos que esta entidade está a gerir, no âmbito do PRR e que perfazem mais de 148 milhões de euros em financiamento.
O maior financiamento atribuído (57,5 milhões de euros) destina-se aos desenvolvimentos no âmbito da agenda mobilizadora New Space Portugal, que tem como ambição transformar o perfil de especialização do setor espacial português, com a introdução de novos produtos e serviços, exportáveis e de maior complexidade tecnológica. Cumprindo todos os objetivos, e se acompanhado por uma estratégia nacional para o espaço, o PRR alavancará a I&D e o desenvolvimento industrial de sistemas espaciais (satélites), para a observação terrestre e da plataforma oceânica portuguesa. A ambição de criar uma constelação de satélites, a trabalhar em rede, com I&D e integração total nacional, levou o CEIIA a apostar nesta área, que viu culminar com o lançamento do 1º satélite 100% português no dia 04/03/24, após o licenciamento do mesmo pela ANACOM e passando ainda pela aquisição da empresa GEOSAT.
Tal como em outras agendas, quer os atrasos iniciais verificados com as assinaturas de contratos, quer, entretanto, as dificuldades nas entregas de equipamentos e materiais, ainda não permitem antecipar qual o grau de cumprimento global dos PPS a entregar no final do projeto. E, tal como noutras agendas, adivinham-se aqui muitos desafios, designadamente a criação de capacidades permanentes de recursos humanos altamente qualificados em empresas nacionais, a manutenção da propriedade industrial ou a criação de linhas de industrialização. Estes são desafios que precisam de ser acompanhados ao nível da governação, carecendo de alinhamento europeu e contribuindo por isso para a soberania e segurança europeia neste setor, com profundas aplicações noutros domínios.
O segundo maior financiamento atribuído (42 milhões de euros), destina-se à agenda BE.Neutral – Agenda de Mobilidade para a neutralidade carbónica nas cidades, e tem como objetivos desenvolver, industrializar e operar novos produtos e serviços de mobilidade (dispositivos físicos, conetividade e plataformas de ciência de dados). Esta agenda conta já com um resultado alcançado, designadamente o Accessible People Mover (APM), um veículo de mobilidade elétrica inclusiva para transportar pessoas nos jogos olímpicos e paralímpicos de Paris 2024. Será produzido em Portugal no primeiro trimestre de 2024 e contará com a criação de uma unidade de produção do veículo elétrico a bateria na fábrica da Toyota Caetano Portugal em Ovar, juntando-se aos autocarros Caetano Bus com pilha de combustível a hidrogênio, também produzidos pela Toyota Caetano Portugal, sendo este um dos veículos que integra os planos de trabalho desta agenda (denominado autocarro leve).
Esta é uma agenda que está muito centrada em integradores (p.ex. Siemens, com carregadores; EDP, com massificação do carregamento público e privado de baixo custo; Nós, plataforma de dados). Tal como em praticamente todas as agendas, o risco de desenvolvimento e criação de novos produtos e serviços, sem conseguir criar ou manter as linhas de industrialização no país, é relevante, devido aos custos fixos na indústria.
De forma semelhante a outras agendas, a dimensão das empresas, com particular foco nas fusões e aquisições, a obtenção de economias de escala ou o alinhamento com políticas públicas nacionais são temáticas fundamentais para que os resultados obtidos pelas Agendas Mobilizadoras possam ser alavancados.
Tendo em conta que esta agenda engloba a criação de uma plataforma que permitirá ao utilizador saber a sequência de meios de transporte que pode utilizar para chegar ao seu destino para que a sua viagem tenha impacto zero em carbono, é necessário criar a mesma, que interligue todos esses meios, com a consequente necessidade de obter os dados de todos os concessionários e operadores de transportes. É fácil adivinhar os desafios que esta situação acarreta, sendo necessária uma verdadeira cultura de parceria.
Os restantes investimentos em que se encontram envolvidos são a agenda mobilizadora Aero.next Portugal (que foi acompanhada noutras visitas, nomeadamente à empresa Takever) e cinco Digital Innovation Hubs, cujo desenvolvimento ainda se encontra bastante atrasado.
A CNA-PRR identificou mais uma vez uma série de constrangimentos, quer de ordem administrativa, quer de ordem operacional. O que mais se continua a verificar, é a dificuldade que todas as entidades envolvidas nos vários processos (beneficiários intermediários, finais e EMRP), têm em implementar canais de comunicação fluída, que permita esclarecer as dúvidas de forma clara e rápida. Passados quase 2 anos de implementação no terreno do PRR, ainda se verificam estas dificuldades, com a criação de alguns manuais e orientações técnicas complexas, mas sem a criação de canais de comunicação simples.
A plataforma do IAPMEI, embora robusta do ponto de vista de vista técnico e de pista de auditoria, precisa ainda de várias melhorias para que possa ser utilizada como uma ferramenta de repositório de informação de projeto e de apoio à gestão dos consórcios das agendas mobilizadoras.
Março 20, 2024