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Na continuidade dos Roteiros de Proximidade, em abril a CNA-PRR voltou ao Algarve e a água foi o tema central da visita.

No âmbito da Agenda Mobilizadora do Turismo, Acelerar e Transformar o Turismo, tivemos a oportunidade de visitar uma das unidades Grupo Pestana, em Alvor, designadamente um investimento no âmbito da eficiência hídrica.

Nesta unidade hoteleira,  está a ser concluída uma central de dessalinização, que irá abastecer, para já, quatro unidades do grupo, neste território, cuja água será nesta fase destinada a limpezas ou regas (o que vai exigir também novas tubagens), enquanto não há alteração de legislação que permita a sua utilização para outros usos. 

As experiências anteriores com dessalinizadoras (com outras tecnologias e maiores custos) que não tiveram sucesso, estão agora a servir de base de conhecimento, estando a Agência Portuguesa do Ambiente também a acompanhar esta implementação. 

Utilizando a tecnologia da osmose inversa, um processo de purificação da água através de uma membrana, esta central está dimensionada para uma captação por hora de cerca de 100 m3 de água salgada, que produzem 20 m3 de água doce, sendo que o restante volta ao mar, por infiltração no solo e não descarga direta, com um teor de salinidade superior em 45%.

Esta central está, no entanto, a ser construída com a possibilidade de serem adicionados novos módulos e de aumentar a sua capacidade, o que poderá ser feito assim que haja legislação que permita a utilização para outros usos. Irá ser alimentada por uma central solar, com capacidade para 250 kwh. Em termos de gastos, em média estas unidades do grupo gastam 100 mil m3 para rega e 100 mil m3 para uso doméstico. 

As dessalinizadoras são sistemas não utilizados em Portugal Continental, havendo, no entanto, bastante experiência em Porto Santo, bem como em Espanha e noutros países. Mas a desconfiança leva sempre a avaliações pouco documentadas, pelo que estudos levados a cabo por instituições de ensino superior seriam muito bem-vindos, nomeadamente para a avaliação dos custos-benefícios ou monitorização dos efeitos do retorno da água com maior índice de salinidade ao mar.

No entanto, a esta data, a Universidade do Porto já se encontra a fazer investigação para perceber a possibilidade de utilização do sal e outros minerais gerados no processo. 

Quanto à possibilidade de utilização da água proveniente da dessalinizadora para uso doméstico, ou seja, para substituir parte dos usos nas unidades hoteleiras (banhos ou outras utilizações), é necessário que as entidades responsáveis por esta área se debrucem sobre este tema, que, reconhecendo-se como novo, não deverá ficar esquecido, sob pena de estarmos a fazer investimentos cuja rentabilidade poderia ser melhor aproveitada, contribuindo para resolver o problema da falta de água na região, e transferida para outros grupos turísticos.  

Abril 19, 2024